Residência - Gastatelier Gleis 70 - 2017 - Zurich - Switzerland

Residência - Gastatelier Gleis 70 - Zurich - Switzerland - 2017



Cartaz do Ateliê aberto da residência Gastateliê Gleis 70



Em 2016, fui selecionado para participar do programa de residência artística do Gleis 70 em Zurique chamado de Gastatelier, que aconteceria em 2017. 

O Gleis 70 é uma associação de artistas, que ocupa o antigo prédio de uma fábrica de brinquedos. Lá existem vários ateliês, onde artistas e pessoas ligadas à economia criativa desenvolvem seus trabalhos. Em contrapartida a associação é responsável pela organização da residência e recepção dos 3 artistas selecionados anualmente, que permanecem em residência 4 meses cada. A estadia, os custos de vida e de viagem são bancados pela cidade de Zurique e pelo Cantão de Zurique.

Fiquei lá de 1 de maio até 30 de agosto de 2017, praticamente por todo o período de verão no hemisfério norte. Pude visitar algumas cidades da Suíça e ir na Dokumenta de Kassel que acontecia no mesmo ano.


Meu Querido estrangeiro/ óleo sobre tecido/ 120 x 132 cm/ 2017
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Sobre os trabalhos desenvolvidos na residência

Nos trabalhos finais apresentados na residência artística Gastatelier Gleis 70 gero uma reflexão sobre “quem é bem vindo na Suíça¿” Penso nas políticas de estado que são usadas para aceitar um estrangeiro neste país. Percebi que há tipos diferentes de estrangeiros que vem procurar moradia neste país e que entre eles há uma distinção muito clara pelo estado.

Há o estrangeiro que é bem vindo e o que não é desejado. Entre os bem vindos estão pessoas com um alto poder financeiro, pessoas com algum tipo de formação altamente qualificada, como, por exemplo, médicos alemães, cientistas, acadêmicos e  estrangeiros com redes de contatos, como família ou parceiros comerciais na Suíça, o que facilitaria a sua integração. Magnatas e pessoas muito ricas de qualquer país que não se importam em pagar impostos ou até investir em negócios no país, gerando empregos e mais arrecadação também são bem vindas. Esse grupo encontra pouca dificuldade em conseguir documentos de permanência. Será por acaso que a Suíça é o país com mais super ricos do mundo¿ Segundo um estudo do Credit Suisse, esse abastados, pessoas com mais de 50 milhões de francos na conta, somam mais de 2000 no país, sendo mais da metade formada por estrangeiros. Esses poderiam ser denominados os bons estrangeiros ou aqueles que são bem vindos.

Em outro extremo vemos imigrantes e refugiados vindos de uma situação inesperada,  seja por crises econômicas ou por conflitos bélicos. Essas pessoas recebem um outro tratamento do governo. Com baixa formação ou diplomas que não são reconhecidos na Suíça, em muitos casos eles têm que sobreviver com uma ajuda de custo que mal cobrem os gastos de alimentação, saúde e moradia. Esses estrangeiros, que não foram esperados, não recebem a permissão para trabalhar de imediato. Eles passam por uma verdadeira prova de fogo, que inclui aprender a língua o mais rápido possível, conseguir algum tipo de formação para poder atuar no mercado local e se manter longe de qualquer tipo de confusão. Mesmo assim, a Suíça é hoje o país que mais redireciona asilados para o resto da Europa, proporcionalmente ao tamanho de sua população. Para tal, eles se utilizam com frequência dos Acordos de Dublin, que estabelecem que o estado responsável pelo acolhimento do asilado, é aquele no qual ele primeiro entrar. Essa ação muitas vezes separa famílias. No total foram remanejados 21.934 pessoas entre 2009 e 2015. O principal afetado por essa política de estado suíça é a Itália, que recebeu 12.563 asilados de volta, segundo o site “swissinfo.ch”.

Essa diferenciação entre quem é bem vindo ou não, dependendo principalmente da condição financeira do imigrante, mostra claramente como atua o cinismo estatal e social na Suíça. Será que a Suíça com sua condição social elevada não deveria ser mais solidária com todos¿ Será que os critérios de escolha de quem vem pra este país não deveriam ser mais abrangentes¿




O sonho proibido/óleo sobre tecido/ 48 x 30 cm/ 2017
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Os sonhadores/ óleo sobre papel/ 32 x 41 cm/ 2017

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1de agosto/ óleo sobre tecido/ 180 x 126 cm/ 2017

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